A MULHER FUGIU PARA O DESERTO – “E quando o dragão viu que fora
lançado na terra, perseguiu a mulher que dera à luz o varão. E foram
dadas à mulher duas asas de grande
águia, para que voasse para o deserto, ao seu lugar, onde é sustentada
por um tempo, e tempos, e metade de um tempo, fora da vista da serpente”
(Apocalipse 12:13-14).
É
deveras interessante o estudo das cadeias proféticas do Apocalipse. No
capítulo 11 do mencionado livro encontramos a história, em miniatura, da
proibição da Bíblia Sagrada ao povo, da atroz perseguição movida aos
possuidores e leitores do Livro Sacro, e do escárnio e negação que lhe
seriam vetados ao final desse tempo de perseguição.
“E pisarão a
cidade santa por quarenta e dois meses. E darei poder às Minhas duas
testemunhas, e profetizarão por mil, duzentos e sessenta dias, vestidos
de saco...” (Apocalipse 11:2-13).
A “cidade santa”, que seria
pisada durante quarenta e dois meses, ou, em outras palavras, a mulher
pura que seria perseguida por 1260 dias, representa a igreja verdadeira,
assim como, por outro lado, a “grande cidade” ímpia, ou a “grande
prostituta”, simboliza a igreja-mãe apostatada, aquela igreja que se diz
sucessora direta dos apóstolos, mas que nenhuma semelhança tem com a
igreja apostólica, uma vez que perdeu os princípios de doutrina e
prática mantidos nos tempos apostólicos. A igreja verdadeira tem, pois,
por símbolo, Jerusalém, a cidade santa; a falsa igreja, que substituiu,
em grande parte, o cristianismo original pelo paganismo, tem por símbolo
a grande Babilônia, a grande cidade ímpia.
Os “quarenta e dois
meses” de perseguição, são os mesmos “mil duzentos e sessenta dias” e
também os mesmos “tempo, e tempos, e metade de um tempo” (ver Daniel
7:25; 12:7; Apocalipse 11:2, 3; 12:6, 14; 13:5). Visto com em profecia
bíblica um dia equivale a um ano (Ezequiel 4:6), esses 1260 dias são
1260 anos. Referem-se ao tempo de supremacia absoluta da “grande
Babilônia”. Começam em 538 da era cristã, quando o papa Virgílio foi
revestido de poder secular, e terminam em 1798, quando o papa Pio VI foi
exilado por ordem de Napoleão Bonaparte. Durante esse período, os
verdadeiros seguidores de Cristo sofreram terrível perseguição. Foram
acossados injustamente como hereges. Milhões morreram queimados,
enforcados, decapitados, despedaçados pelas feras, etc. Desse tempo de
opressão disse Jesus: “Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os
tempos dos gentios se completem” (Lucas 21:24).
E foram
perseguidos por quê? Por que fossem nocivos à sociedade, injustos,
perversos, desordeiros, criminosos? Não! Mil vezes não! Eram seguidores
de Cristo. Eram puros, bons, verdadeiros, justos, obedientes a Deus.
Foram perseguidos pelo mesmo motivo por que o apóstolo João foi exilado
para a ilha de Patmos, a saber, “por causa da Palavra de Deus e pelo
testemunho de Jesus Cristo” (Apocalipse 1:9).
“No século VI
tornou-se o papado firmemente estabelecido... E começaram então os 1260
anos da opressão papal, predito nas profecias de Daniel e Apocalipse...
Desencadeou-se a perseguição sobre os fiéis com maior fúria do que
nunca, e o mundo se tornou um vasto campo de batalha. Durante séculos a
igreja de Cristo encontrou refúgio no isolamento e obscuridade. Assim
diz a profecia: ‘A mulher fugiu para o deserto’” (O Grande Conflito,
págs. 54 e 55).
“E a serpente lançou da sua boca atrás da
mulher, água como um rio, para que pela corrente a fizesse arrebatar. E a
terra ajudou a mulher; e a terra abriu a sua boca, e tragou o rio que o
dragão lançara da sua boca” (Apocalipse 12:15-16). Água em profecia
representa povos e nações (Apocalipse 17:15). “Durante a supremacia
papal, diferentes povos foram usados no esforço de destruir o fiel e
verdadeiro povo de Deus. As páginas da História estão manchadas com o
sangue de amargas perseguições e impiedosos massacres. Mas tudo foi em
vão; ao contrário, o sangue dos mártires é a semente da igreja” (Roy
Allan Anderson, O Apocalipse Revelado, págs. 135 e 136).
Durante
os 1260 anos de supremacia papal, Satanás usou o poder religioso
apóstata para perseguir os filhos de Deus, mas quando o poder papal
recebeu a ferida mortal (1798), Satanás lançou contra a igreja um
dilúvio de falsos ensinamentos através de movimentos tais como: a) O
iluminismo (1776) Adam Weishaupt, o cérebro que planejou o experimento
do iluminismo, a Revolução francesa, uma amostra do que intencionavam
acontecesse em toda a Europa; b) O evolucionismo de Charles Darwin
(1859); c) O comunismo de Kard Marx; em 1842 ele começou a produzir seus
escritos e (d), o espiritismo moderno (1848) com as irmãs Fox.
A
profecia bíblica mostra que depois da supremacia papal, surgiria então a
besta que subiu do abismo, o ateísmo em todas as formas e filosofias.
Isto já se cumpriu, mas a história vai se repetir.
“Quando os
livros de Daniel e Apocalipse forem bem compreendidos, terão os crentes
uma experiência religiosa inteiramente diferente. Ser-lhes-ão dados tais
vislumbres das portas abertas do Céu... O livro de Daniel é descerrado
na revelação a João, e nos transporta para as últimas cenas da história
da Terra... Lede Apocalipse em conexão com Daniel. Ensinai essas coisas”
(Testemunhos para Ministros, págs. 114 e 115).
“Estamos no
limiar de grandes e solenes acontecimentos. Muitas das profecias estão
prestes a se cumprir em rápida sucessão... Repetir-se-á a história
passada... Estudai o Apocalipse em ligação com Daniel; pois a história
se repetirá... Ao nos aproximarmos do fim da história deste mundo, devem
as profecias relativas aos últimos dias exigir especialmente nosso
estudo. O último livro dos escritos do Novo Testamento está cheio de
verdades que precisamos compreender. Satanás tem cegado o espírito de
muitos, de modo que se têm contentado com qualquer escusa por não
tornarem o Apocalipse motivo de seu estudo. Mas Cristo, por intermédio
de Seu servo João, declara aqui o que será nos últimos dias”
(Testemunhos para Ministros, pág. 116). (Publicado pelo jornalista e escritor Júlio César Prado) (Foto/Ilustração: Divulgação).